terça-feira, 1 de maio de 2012

CAMINHANDO/VIVENDO

NA MINHA OPINIÃO EU NÃO TERIA, JÁ ESCRITO, ALGO QUE VALESSE A PENA PUBLICAR E MEU IRMÃO ERNANDI E EU COMEÇAMOS A "VASCULHAR AS GAVETAS". ELE ENCONTROU ESTE TEXTO QUE NA SUA OPINIÃO É "A ESSÊNCIA DA SENSIBILIDADE DO ESCRITOR REVELADA EM UM ÚNICO POEMA". EU ACRESCENTO QUE O CRÉDITO MAIOR PARA TAL SENSIBILIDADE É DE MINHA PARCEIRA TAFNES.




"Eu conheço pessoas pobres que distribuem sorrisos.
Pessoas ricas, que dividem seu pão.
Pessoas que sofrem, mas comunicam alegria.
Incompreendidas que sabem compreender.
Pacíficas que caminham levando a paz.
Sábias que levam o entendimento a toda parte.
Pessoas bondosas que a todos têm o que dar.
Injustiçadas que souberam perdoar.
Eu conheço essas pessoas, seu segredo é AMAR".
Tânia Lacerda Lima.




Caminhante
Onde passas despertas a centelha da esperança,
Vetustos e embolorados sonhos voltam a cintilar.

Em teus olhos contemplo o brilho das estrelas
Eles refletem a singeleza de teus sentimentos.
Em tua face paira o encanto do firmamento
Será que acompanhas o rastro dos cometas?
Suave é a melodia que entoa tua alma:
riachos sussurrantes, fontes maestrinas.
Ouço o assovio dos ventos, o ramalhar dos cedros,
Sinto o perfume dos bosques por onde passastes,
das multicoloridas flores, das matas orvalhadas,
dos frutos que colhestes em vales distantes.
A lua e as estrelas durante a noite te guiam
Se brilha um raio de luar prossegues teu caminho.
Não existem mapas, a cada passo a vereda se abre,
A trilha se ilumina, prossegues teu rumo peregrino.
Pela estrada vês desertos quedos, campos ceifados
Antro de feras, rochedos, desvios, sombras da noite.
E as estrelas como vagalumes a te indicar o percurso.
Encontrarás colinas, florestas cerradas, mares bravios
Escalarás montanhas, alcançarás o cume dos penhascos.
Teus passos valentes te empurram sempre em frente
Ora lento e cuidadoso, ora lépido e arrojado,
Temeroso ou destemido, ora incerto e vacilante.
Há muitas formas de caminhar e para cada passada
A definição de um novo rumo, novos cenários,
Trilhas inexploradas, aventuras e obstáculos.
Grandes, às vezes, tanto que parecerão intransponíveis,
Mas aos teus olhos tudo será aprendizado.
Nada é casual, tudo é exatamente como deveria ser.
Através das pedras agregas experiência, vivência ...
Durante o dia as árvores se curvam para te abraçar
Enquanto o sol ao longe te contempla e fustiga,
Mas quando ele se ausenta e a lua é toda brilho
Te sentes impelido a um descanso.
Será que tens um porto, um destino?
Indagam teus pés itinerantes, machucados....
Melhor seria ter asas, e não voar no chão.
Alma sempre sedenta, sorve o orvalho celeste
Maná que te sacia, renova as forças, sara as feridas.
Enquanto sem olhares para trás vês tuas pegadas
Indeléveis marcas ... na estrada da vida.
Tafnes e Stenio.
Julho de 2009.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Um Nome, Uma História

PARA MINHA COMENTARISTA FAVORITA, UMA BRINCADEIRA FEITA COM SEU NOME. APROVEITANDO PARA AGRADECER PELOS COMENTÁRIOS, PRINCIPALMENTE O FEITO EM MEU DIAMANTE, QUE BEM PODERIA FAZER PARTE DA POESIA.


MEU NOME

Não se enganem, meu nome é Cissa
E se alguém precisa estou do seu lado
Não importa o babado, eu tiro de letra
Sem nenhuma peta, fique avisado.

Meu nome é Cissa, não se esqueçam
Não sou tenente mas sou bem valente
Encaro a vida de cara lambida
Mas se alguém me alisa viro dependente.

Sou obediente, sem ser submissa
No amor caliente e na vida calma,
Não guardo trauma para o futuro,
No claro ou no escuro, meu nome é Cissa.

Meu nome é Cissa e sou amorosa
Dos filhos escrava, do marido a rosa.
No livro da vida, a palavra avisa,
Quem tem nome Cissa, é verso e é prosa.

Março de 2012.

segunda-feira, 19 de março de 2012

MISTERIOSA CISSA

O POEMA NÃO FOI FEITO COM ESSA INTENÇÃO, MAS ACHEI TÃO PARECIDO COM A MOÇA QUE LHE DEDICO.

MISTERIO...SA

És menina ou mulher, Mistério...sa?
Criança não tem segredos, nem as grandes
Então por que és misteriosa?
O que deixaste no passado de mistérios
Ou será que os guardaste pro futuro?

Deixarás que os teus netos os descubram
Em tranqüilas brincadeiras na varanda
Ou dir-me-ás ao ouvido amanhã mesmo
Ao navegarmos serenos em mar de intimidades
Ou selvagens e loucos rolarmos nos gramados.

Que segredos terás a dizer-me sem palavras
Pois meus beijos selarão os lábios teus
E ali mesmo plantaremos a semente
Que em longínquo futuro então dirá
Que os mistérios foram mesmo desvendados

E a poesia espalhará aos quatro ventos
Que a verdade derradeira se desnuda
É que a Fada esperava pelo Bruxo
E que juntos rasgarão todos os véus
E a criança finalmente é a mulher.

E agora sim, tens direito a teus mistérios.

quinta-feira, 15 de março de 2012

HELENA

MINHA BELA E QUERIDA NETA DE APENAS QUATRO MESES DE QUEM O AVÔ BABÃO GANHOU DOIS PRESENTES: UMA LINDA FOTO DELA COM OS PAIS E O MELHOR E AINDA MAIS LINDO, UM SORRISO, QUASE GARGALHADA.

Helena

Filha de uma guerreira cipriota
E de um pai que leva mais na maciota
Em pouco tempo chegará Helena
Terá o sangue quente e a face serena.

De uma bela união ela foi concebida
E por esta razão ela é muito querida
Que venha logo um querubim suplica
Pois há muito ensaia a valsa austríaca.

E aqui na terra o coro diz amém
Que venha logo eu suplico também
Por avós, pais, tios, padrinho e madrinha
Serás recebida como uma rainha.
Junho de 2011.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

SONHANDO COM NUTI E PAULA

Este texto foi o mais perto que me senti de Chico Buarque, pois ele mesmo diz que algumas vezes brinca com as palavras, e eu escrevi meio que brincando para responder à poetisa que postou o poema no Yahoo Respostas.

Sonhando com Nuti e Paula

Deixar-te em meu peito repousar?
Por quê? Por que tens que pedir licença em tua própria casa?
Não farei uma carícia em teus cabelos,
Porque minhas mãos anseiam é por teu corpo inteiro.
Te fazer levitar? Poético, mas tenho é que, vez ou outra,
te trazer ao chão, pois quase sempre vives nas alturas.
Ouvir minha voz? Para que, se me entendes sem que nada eu diga.
Pra te falar doces palavras hei que me transformar em colibri
e com suaves beijos sorver uma fração de teu abundante mel.
Pra te fazer vibrar, basta que me dês uma preliminar: um beijo.
Envolvido; eu é que sou. Completamente. Por ti.
E pra te aquecer encosta-te em mim que viro fio condutor.
Delirar já o fazes por todas as paixões e,
que sou por ti apaixonado é dizer o óbvio.
Extasiar-te é fácil, ponho-te diante de um espelho ou de um poema teu
nos dois casos verás quanta beleza me ofereces.
Mas pra te tocar minhas mãos têm que calçar pelica
que tem a mesma maciez da pele tua.
O céu não te posso dar pois ele já pertence ao teu mágico domínio
Mas se dele saíres, usa teus poderes, leva-me contigo.
Estarei no teu aconchego e tu no meu
e te farei sonhar e tu a mim, um sonho uno.
E se Paraíso houver em vida ... Acordaremos, viveremos nele.

Escrito em cima do poema Vibrar de Amor, de Nuti "Magia Sempre", e por ser uma fotografia de meu amor, Paulinha, ofereço a ela.
Agosto de 2009.


Vibrar de amor
DEIXA-ME...

Deixa-me em teu peito repousar
Acaricie meus cabelos
Me faça levitar...
Deixa-me ouvir tua voz
Me fale doces palavras
Me faça vibrar...
Deixa-me teu corpo envolver
Me aqueça com teu calor
Me faça de amor delirar...
Deixa-me de êxtase transbordar
Me toque com tuas mãos
Me faça o céu alcançar...
Deixa-me lentamente voltar
Me aconchegue ao teu lado
E me faça de novo sonhar...
(Nuti)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mulheragem (Feminino de homenagem)

PARA OS MEUS (OU MINHAS) POUCOS MAS QUERIDOS SEGUIDORES E EM ESPECIAL, PARA A QUE EU DEDIQUEI: RAMÍLIA.

MARIA CORAGEM

Buscando seu lugar em um congestionado espaço, desbravando em um violento corpo a corpo as estreitas veredas da sobrevivência, em um ponto qualquer do planeta encontra-se Maria. Não é vai-com-as-outras, muito pelo contrário, de tão determinada, na maioria das vezes as outras é que seguem seus passos. A golpes de suor ou baioneta, se necessário, abre seus caminhos, muitos dos quais não sabe onde vai dar, mas suas temeridade e urgência não lhe deixam ser diferente, não lhe permitem esperar. De tanto ralar na vida já nem sente quando ou quanto a vida lhe rala.
Ajeita e agita mãos e pés, nervos, coração, alma, sempre com o passo maior que a perna, pois não lhe é permitido apenas caminhar, tem que correr.
Como a Maria bíblica também tem um filho e sofre por ele. O seu José é um pai ausente e ela tem que ser também seu substituto, virou hermafrodita, não importando a nenhum dos três o quanto isto lhe custe. E assim vai, de sol a sol, de segunda a domingo, se em um dia tenta reduzir o aquecimento global, em outro arruma pés e mãos, e se ainda lhe sobrar algum, depila ou corta cabelos. Sem cansaço, sem deleites, sem poesia, sem espera. As permissões da vida lhe são escassas. Navegar é preciso, viver pode esperar, até... quem sabe? Afinal, viver não é mesmo preciso, como já disse o poeta. Por uma migalha de carinho, um sopro de massagem no ego, um cadinho de toucontigo, se arriaria de quatro costados, mas o mundo, com ela e com muitas delas, é usurário de carinho e solidariedade. Na maioria das vezes só quer, egoisticamente, abocanhar, engolir, sugar.
Maria das obrigações, que são de nascença, Maria dos direitos, que ainda busca. Assim são os caminhos de Maria, abertos a ferro e fogo, a golpes de suor, como já dito, mas também a golpes de coragem que, aliás, deve ser seu sobrenome. Mas bem poderia ser dos Desejos, dos Prazeres, dos Amores. Dos meus amores.
Feito à imagem e semelhança de Ramília Barbosa, a quem dedico.

Carnaval de 2008.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

PRETENSO POEMA

Pretenso Poema

Escrever (para quem sabe)
É arte
Frágil como o coração vetusto de uma pomba
É paz, é vida, é Célia, bela Célia.

A morte
Asa de águia, forte e lépida
Olímpico atleta puro forte
Inteiro e quase nada, quase arte.

Em versos
Tão fugazes quanto a brisa/arte
Quis re(des)fazer esta equação
De morte.

Pulso, coração, asa, tão frágeis, Célia
Unem-se num derradeiro esforço
Contra a águia
Que em um átimo parece destruída.

Lúgubre engano, a Fênix
Em meio tempo é novamente a morte
Mais forte e ágil e quase
Bela

Vista de longe
Assim quase me engana
Ò Senhor, troque-me os anjos, eu quero
A Vida, a Luz, a Fortaleza Célia

C elestial, eis a palavra
E xata
L inda, leve, santa e que,
I nquestionavelmente representa o
A njo. Celestial. Célia.

Com um beijo de força e vida
Stenio
Julho de 2007

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

UM CARINHO...

UM CARINHO, UMA ESTRELA, UMA ROSA

O deixar escrito perpetua as coisas. Um pensamento, a descrição de algo, por menor que seja, a mais cotidiana e repetida das atitudes se desvanece com o tempo, se não utilizarmos o que nos diferencia das demais espécies, a linguagem escrita. Minha flor, minha estrela, meu tudo, pediu-me que lhe desse uma rosa escrita, um carinho que transcendesse a nossa efêmera existência. Suspeito que não estou à altura de algo tão especial, todavia sinto-me na obrigação de tentar, pois “minha estrela tem que ter direito a tudo”.
Mal começo e me bate um enorme temor de plágio, pois sobre as estrelas os poetas, ao contrário dos astrônomos, já falaram tudo. Para descrevê-la eu teria que usar a imagem de uma jóia em formato de coração e cravejada de muitos brilhantes: entre outros o brilhante da dedicação, o da sabedoria de calar-se em precisos momentos e, o de maior quilate, o da paciência. Esta, que dizem ser a mais valiosa de todas as virtudes, é também o que ela tem de maior.
Agora é definitivo, sei que não estou realmente à altura, pois para falar de rosa e estrela o texto teria que exalar brilho e aroma por todas as letras. O brilho, pela intensidade, naturalmente me ofusca, e o aroma, de essência tão rara quanto sutil, certamente não é perceptível a um olfato qualquer.
Paula, muitos beijos e uma flor em cada um deles.
Stenio.

Janeiro de 2007.
P.S. Em generosos comentários a um outro texto meu, o Eduardo (Pelição) diz que o assunto em pauta teria tudo para levar ao piegas e até ao ridículo, mas que eu me esquivei dos dois. No atual, acho que fiz as duas coisas, entretanto, para sorte minha, encontrei em Fernando Pessoa “todas as cartas de amor são ridículas, mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram uma carta de amor são ridículas”.
S.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

NEGA NOÉLIA

NEGA NOÉLIA
Ora, nega, queres um poema?
Mas como, se não nasceste com belos olhos verdes
E de que forma pode um limitado bardo
Falar do belo, bela, sem falar de cores?
Se elas refletem das coisas e seres a beleza...

É, nega, estamos meio num beco sem saída
Até pensei em pedir um empréstimo ao arco-íris
E junto de uma boa chuva com algum sol
Te por dançando na rua com as sete cores,
E o teu negro absorvendo todas elas.

Mas mesmo assim seriam estas emprestadas
Ainda não estaria eu louvando as tuas
Continuei buscando e vi num derepente
Que tu fazes as muitas cores da tua vida
E quem te tem basta te ter somente.

O arco celeste do amor mora em teu peito
e assim naturalmente a vida é bem eclética,
Ora suave , alegre, engraçada, cintilante,
Ora mágica, doce, serena, ou vibrante,
Às vezes sublime, encantadora, enfim... poética.

E se pintas a vida com tanta intensidade
Quem está ao teu lado, dos respingos,
Ganha um imenso brilho e luminosidade.
Brilho e cor que não possuis das pedras de Carrara
Tens um mais nobre, da pérola negra, a mais rara.

Dedicado ao "santo" Gió, que consegue domar a bravia gazela.
Stenio/Tafnes, maio de 2009.

CIUMENTA ESTRELA

Ciumenta Estrela

Não estás satisfeita com todo o imenso brilho que possuis?
Não sabes que ao teu lado as outras são meros vaga-lumes?
Românticos, é certo.
Mas com o brilho incomensuramente menor
Do que tens na menina dos olhos e no peito.
Então, diz pra mim, pra que ciúmes?

O sol é que deveria enciumar-se
Que junto a ti vira astro de quinta grandeza.
E se alguma noite mais triste não tem lua
E nuvens não permitem que te vejam
Isto sim, é ciúme e vingança, com certeza.
Do sol.

Eu, como o sol, deveria ter ciúmes
De teu saber, do quanto faz a poesia
A própria casa dentro de teu ser.
Da imensa sensibilidade que demonstras
Em cada verso que lês ou que me envias.
Eu sim, é que deveria.

Ò ciumenta e bela mulher, guarda teus ais!
Vedes a lua, agora triste, ensombreada
Por nuvens condensadas de tuas lágrimas
Descobriu que tão pequena e mui distante
Brilhas bem mais que ela, e não precisas
Que outro ilumine a tua face. Tu te bastas.

Setembro de 2008.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

INTRASSONORIDADE

Intrassonoridade

Queres ouvir algo que te agrade?
Ausculta e escuta teu coração.
Levanta no meio da noite, como se perdera o sono
E tenta ouvir o ressonar quase inaudível de teus filhos.
Mira-te em um espelho e contempla a placidez
Verde/negra (ou será negra/verde?), dos teus olhos
Vede o sorriso meio ausente mas sonoro
Mesmo na boca calada. Bela e atraente.

Abstrai-te vez ou outra do burburinho da vida
E no meio do emaranhado de leis, sentenças, pareceres
Verás também poesia. E sei muito bem o quanto sabes vê-la.
Precisas apenas da abstração, da busca do teu tempo,
Admitir um pouco mais tua fome de beleza
E isto é minha promessa não cumprida,
O que precisas, e não somente o que te posso dar.
Te questiona, busca a ti própria, em vida prazerosa.

Verás e ouvirás, com certeza, um outro mundo.
Ouvirás de teu eu que espalhas a centelha da esperança
Como fizeste a mim em outros tempos. (Caminhante.)
Que brilhas no que fazes e no que pensas
Tal qual uma certa Dama da história.
Que mesmo se podadas no passado
Tuas asas, ainda invisíveis, são capazes
De voar, voar, voar... até os píncaros da glória.

Para a Dra. Alba Fraga.
Stenio, agosto de 2010.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

TEUS OLHOS

Verdes, grandes e plácidos
São teus belos olhos.
Roubaste a essência das florestas,
O reflexo dos claros mares tropicais,
Ou o incandescente fulgir das esmeraldas?
Diz, minha bela, de onde trazes tão linda cor.

Quando sorris vejo neles um mundo de esperanças
E quando choras? Ah! não, acredito que não choras,
E se o fazes é para regar toda a floresta
Ou completar os mares, ou ainda,
Para tornar bem mais intenso o atraente brilho
Das duas mais raras pedras preciosas.

Quais segredos esconderão o denso interior dessa floresta,
E as profundezas abissais destes teus mares?
Ou serão mesmo duas belas esmeraldas
Sonegadas ao caudal de Fernão Paes
E escondidas desde então no teu olhar?
Diz-me querida, ou me deixa no teu verde navegar.

De Ana Paula e Stenio, para Milena.
Maio de 2009.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PAI E FILHA

Pai e Filha

Entontecido por longas batalhas
Em transtornos óticos, visões dementes
O velho guerreiro sem a paz merecida
Entontece e transtorna toda sua gente.

E as mulheres que lhe dão amparo
São alvos constantes de muitos insultos
E os homens, se lhes dão apoio
Imediatamente são iguais aos brutos.

Momentos difíceis do outono da vida
Onde a água do tempo entrava o moinho
Mas estas mulheres, sensíveis, pacientes
Caladas entendem, e devolvem carinho.

Dentre as filhas com quem mais convive
Uma tem de paciência, verdadeira mina
Que, sem usura, doa ao velho querido
De batismo seu nome é Rosilene Lima.

Janeiro de 2012.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

meu diamante

Meu Diamante e Sua Pérola

Ele, de milênios, é inconquistável
A pedra mais dura, ultrarresistente
Ela tão nóvel, frágil, amiga e afável
Límpida, delicada, plácida e carente.
Ele opaco quando da terra retirado,
terá que ser lavado, lapidado e polido.
Ela vem perfeita em seu estojo aveludado
Polimento ou lapidação não lhe é permitido.
Ele traz ocultas, no fundo da alma, as virtudes
Disfarçadas, em seu âmago, envoltas na lama.
Ela já atingiu ampla e qualquer angelitude
É toda e somente um coração que ama.
Exceto ela, unicamente um outro diamante
O poderá polir, ferir, o coração machucar
Ela apaixonada, tanto e só, sua amante
Que não cogita ou aceita ele a abandonar.
Fará sua centelha interior brilhar à superfície,
Explodirá, de mil quilates, um brilhante.
Ela tirada da água lodosa, da imundície
Mas tão bela, límpida, terna e confiante.
Far-lhe-á reluzir qual raios de sol
Será rei dentre as pedras preciosas.
Ela apurará seus sentimentos no crisol
Sempre tão perfeita, sensível e carinhosa.
Símbolo da mulher e de toda sua pureza
Vive cercada de romance e magia
Ele e ela presentes naturais de muita riqueza
E união ímpar que inspirou esta poesia.

Tafnes/Stenio.
Contradições

“Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe, de repente”. Ferreira Gullar.

Se em um momento posso ser a alegria da suave brisa,
Brincando com as flores na primavera,
Em outro posso ser o frio e cortante vento
Das madrugadas de inverno polar.
Posso ser o calor da areia do Saara
Ou dos corações de jovens amantes,
Ávidos por ficarem a sós.
A sede do peregrino ou a saciedade após o sexo amoroso e lento.
Fui burro de carga e,
Depois, dono dos burros, mas...
Nenhuma dessas profissões me satisfez.
Se escravo não quis ser, também não poderia
Ser feliz em dominar, reproduzir a servidão humana.
Se algumas vezes passei fome,
Noutras me empanturrei,
Sem que me sentisse compensado.
Por vezes fui a palavra ferina,
Noutras fui puro mel
Adoçando a mim mesmo pois a quem me era mais caro.
Mas de certa forma me culpo por tanto egocentrismo,
Eu queria mesmo era adoçar o mundo!
Se no frio foi fácil ser cobertor,
Não posso falar o mesmo de quando tentei ser orvalho, no calor.
Muitas vezes procurei navegar
No profícuo mar de tranqüilidade do zen-budista,
Mas ancorava na tranqüilidade inócua e inóspita de um mar de la luna.
Se já fui um número de INSS ou PIS,
Também já fui versos.
Na criatividade romântica de uma bela poetisa.

Stenio, setembro de 2008.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PÉROLA RARA

Pérola Rara

Nas profundezas abissais de um oceano mental (ou virtual) perdi uma pérola. Suas feridas, herdadas da mãe-ostra, mal cicatrizadas ou de todo não, eram por demais doídas e não suportaram o atrito contínuo com a dura realidade. Ela fugiu. Ela que já vivia em fuga, mimetizada em areias cinzentas, escondendo-se até de si mesma e o quase sempre iludido poeta cometeu mais um de seus monumentais erros: quis trazê-la à luz. Com gestos inábeis, atabalhoados movimentos em busca da vida, sem nem mesmo a paciência necessária à descompressão. E aí o que encontrou foi a morte quando sua adorada e encantadora pérola adentrou a um buraco negro, onde é possível esconder a soma de todos os corpos físicos, ou nada, pois de lá nada volta. Sem ar, sem luz, sem razão, ele espera e reza, mesmo sem ter fé.
Ela sumiu no Triângulo das Bermudas, que é o buraco negro marítimo, e não deixou qualquer rastro. Nem a brisa do mar, que já não é tão suave, dá notícias dela.
Alguns poetas, quando tristes produzem obras primas, outros secam por dentro, morrem. Mas dizem que ninguém morre de tristeza. Acredito que quem pensa assim não conhece o âmago de alguns poetas, ou mesmo de outras pessoas, bem sensíveis, mas não poetas.
Morre-se sim, de tristeza. Ou ficar seco por dentro, para quem tem por hábito, criar, escrever, poetar, não é morrer?
O vazio também é abissal, e não encontra na matéria algo que possa preenchê-lo. A espera do milagre pode durar a vida, mas o que lhe resta que não seja rezar? Louvada ela foi à exaustão mas a poesia não deve ser das melhores, pois não teve a força de conservá-la ou trazê-la de volta quando debilmente lhe suplicou através de uns poucos e quebrados versos.
Ele fica a pensar se ela estará mesmo nas profundezas do mar, ou se de forma consciente ou não procurou o suicídio nas areias escaldantes dos desertos, ou ainda se não está volateando, ao sabor do vento, louca completa que perdeu o rumo, não sabe mais quem é ou onde mora. Mas provavelmente esta última é mais opção dele que dela.
Pode ser também que ela tenha usado de magia, pois sem dúvida tinha a beleza e os poderes de fada, e após tornar-se minúscula, escondeu-se em uma célula qualquer do músculo da vida, daí este incômodo no peito do escritor, que arranha, perturba, distorce sua vida e que alguém mais sábio já batizou de ... saudade.

Stenio, maio de 2009.

INGRID

INGRID BETANCOURT

Após seis anos eclipsado reaparece o sol de teu sorriso
Sensibilidade e força demonstra a todo instante
E muitos pesadelos são nele extravasados.
Em teu longo relato, a postura ereta
Parece dizer fadiga tu és nada, ou mesmo o tempo.
Da fibra mais resistente é o teu corpo
Do mais doce mel é teu sorriso.

De nada e para nada é o mal que nem sei se te fizeram
Pois que serviu pra temperar o aço de tuas veias
E para mostrar ao mundo a candura de tua alma.
Voltaste radiante de luz própria acumulada
No mais longo inverno polar que se conhece
Sem que os cegos animais que te prenderam
Tenham atingido o brutal intento de também cegar-te.

Nem sei se estiveste mesmo presa, pois espírito,
E ainda tão forte, não se prende.
E não renascestes pois que nunca foste morta.
Tua visão, ao contrário, está mais límpida
E arguta. És a águia, cujas asas não se cortam.
E solta e leve, linda e forte plana
Em céu de brigadeiro. É primavera.

Julho de 2008.
José Stênio Ferreira Luz
e-mail: stenioluz@yahoo.com.br