quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

UM CARINHO...

UM CARINHO, UMA ESTRELA, UMA ROSA

O deixar escrito perpetua as coisas. Um pensamento, a descrição de algo, por menor que seja, a mais cotidiana e repetida das atitudes se desvanece com o tempo, se não utilizarmos o que nos diferencia das demais espécies, a linguagem escrita. Minha flor, minha estrela, meu tudo, pediu-me que lhe desse uma rosa escrita, um carinho que transcendesse a nossa efêmera existência. Suspeito que não estou à altura de algo tão especial, todavia sinto-me na obrigação de tentar, pois “minha estrela tem que ter direito a tudo”.
Mal começo e me bate um enorme temor de plágio, pois sobre as estrelas os poetas, ao contrário dos astrônomos, já falaram tudo. Para descrevê-la eu teria que usar a imagem de uma jóia em formato de coração e cravejada de muitos brilhantes: entre outros o brilhante da dedicação, o da sabedoria de calar-se em precisos momentos e, o de maior quilate, o da paciência. Esta, que dizem ser a mais valiosa de todas as virtudes, é também o que ela tem de maior.
Agora é definitivo, sei que não estou realmente à altura, pois para falar de rosa e estrela o texto teria que exalar brilho e aroma por todas as letras. O brilho, pela intensidade, naturalmente me ofusca, e o aroma, de essência tão rara quanto sutil, certamente não é perceptível a um olfato qualquer.
Paula, muitos beijos e uma flor em cada um deles.
Stenio.

Janeiro de 2007.
P.S. Em generosos comentários a um outro texto meu, o Eduardo (Pelição) diz que o assunto em pauta teria tudo para levar ao piegas e até ao ridículo, mas que eu me esquivei dos dois. No atual, acho que fiz as duas coisas, entretanto, para sorte minha, encontrei em Fernando Pessoa “todas as cartas de amor são ridículas, mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram uma carta de amor são ridículas”.
S.

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