quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mulheragem (Feminino de homenagem)

PARA OS MEUS (OU MINHAS) POUCOS MAS QUERIDOS SEGUIDORES E EM ESPECIAL, PARA A QUE EU DEDIQUEI: RAMÍLIA.

MARIA CORAGEM

Buscando seu lugar em um congestionado espaço, desbravando em um violento corpo a corpo as estreitas veredas da sobrevivência, em um ponto qualquer do planeta encontra-se Maria. Não é vai-com-as-outras, muito pelo contrário, de tão determinada, na maioria das vezes as outras é que seguem seus passos. A golpes de suor ou baioneta, se necessário, abre seus caminhos, muitos dos quais não sabe onde vai dar, mas suas temeridade e urgência não lhe deixam ser diferente, não lhe permitem esperar. De tanto ralar na vida já nem sente quando ou quanto a vida lhe rala.
Ajeita e agita mãos e pés, nervos, coração, alma, sempre com o passo maior que a perna, pois não lhe é permitido apenas caminhar, tem que correr.
Como a Maria bíblica também tem um filho e sofre por ele. O seu José é um pai ausente e ela tem que ser também seu substituto, virou hermafrodita, não importando a nenhum dos três o quanto isto lhe custe. E assim vai, de sol a sol, de segunda a domingo, se em um dia tenta reduzir o aquecimento global, em outro arruma pés e mãos, e se ainda lhe sobrar algum, depila ou corta cabelos. Sem cansaço, sem deleites, sem poesia, sem espera. As permissões da vida lhe são escassas. Navegar é preciso, viver pode esperar, até... quem sabe? Afinal, viver não é mesmo preciso, como já disse o poeta. Por uma migalha de carinho, um sopro de massagem no ego, um cadinho de toucontigo, se arriaria de quatro costados, mas o mundo, com ela e com muitas delas, é usurário de carinho e solidariedade. Na maioria das vezes só quer, egoisticamente, abocanhar, engolir, sugar.
Maria das obrigações, que são de nascença, Maria dos direitos, que ainda busca. Assim são os caminhos de Maria, abertos a ferro e fogo, a golpes de suor, como já dito, mas também a golpes de coragem que, aliás, deve ser seu sobrenome. Mas bem poderia ser dos Desejos, dos Prazeres, dos Amores. Dos meus amores.
Feito à imagem e semelhança de Ramília Barbosa, a quem dedico.

Carnaval de 2008.

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