quinta-feira, 4 de abril de 2013

POR ONDE ANDA A POESIA? SERÁ QUE PODEMOS ENCONTRÁ-LA EM QUALQUER LUGAR?


O Lugar da Poesia

O nascimento é quase sempre uma festa
Celebrada como o é a Primavera
E esta está sempre relacionada à poesia.
Mas a Primavera passa e vem o Outono
Que com suas folhas decrépitas deveria
Ser a antítese da vida, da poesia.

Mas o multicolorido tapete, as folhas mortas
Também têm muita beleza e nos inspiram
Passamos a poetar pra o que seria a morte
Morte? João Cabral e Chico. Severina é vida.
Ora tragédia, ora música, bom teatro ou circo.
Vida é morte, morte é vida, é poesia.

Também vejo no lixo, uma garrafa PET
Um jornal amassado ou um ferro velho
Que na mão do artista se transformam
Em algo bem mais agradável aos nossos olhos
Deixa de ser desconforto, para ser poesia
Tirada do submundo, só e pura ousadia.


Se nas entranhas da vida, na certeza da morte
E na imundície do lixo, encontramos arte.
E mesmo não procurando, mas um pouco atentos
Vemos a poesia, entranhada em qualquer parte
Da vida. Seja ela doce, amarga ou somente vivida.
Há poesia no céu, na chuva, na roupa ou na comida.

Água, feijão com alguns temperos adicionados,
Cozidos e liquefeitos, é mistura sem grande valia
Mas se passar pelas mãos mágicas da Noélia,
Vira, ao ser servida, maravilhosa ambrosia
A nos provar que em cada coisa deste mundo
É possível sentir, cheirar, cantar e até comer a poesia.


Stenio, novembro de 2012.

4 comentários:

  1. A veia poética está pulsante?
    Fiquei feliz por vê-lo poetando.
    Lembrei-me deste texto que li algures:
    "Tem poesia desde a criança brincando no parquinho até os idosos jogando bingo ou dominó na pracinha, porque poesia não tem idade. Há poesia no mendigo que busca comida e proteção e também nos mais ricos que só querem gastar seu dinheiro em coisas fúteis, porque poesia não tem classe social. Existe poesia na igreja evangélica e na igreja católica, porque poesia não tem religião. E nas belas pichações com aquelas frases que nos faz refletir, há poesia, assim como, nas mais belas pinturas, porque poesia também é arte. Afinal… Tudo é poesia e de tudo se faz poesia, porque poesia está em todo lugar e em todas as pessoas."

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    1. Comentário muito pertinente e foi lendo algo assim que me ocorreu como dizer que o caldo feito pela moça era, de tão bom, sorvido como poesia. Interessante é que o que li era basicamente o mesmo que você leu e postou, mas era destinado às crianças (não tem idade) e se não me engano, foi num livreto de provas do ENEM (não tem lugar). É a Poesia.
      Fique por perto.

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    2. Um pouco de Quintana para você :

      Poesia, a minha velha amiga...

      eu entrego-lhe tudo
      a que os outros não dão importância nenhuma...
      a saber:
      o silêncio dos velhos corredores
      uma esquina
      uma lua
      (porque há muitas, muitas luas...)
      o primeiro olhar daquela primeira namorada
      que ainda ilumina, ó alma,
      como uma tênue luz de lamparina,
      a tua câmara de horrores.
      E os grilos?
      Não estão ouvindo lá fora, os grilos?
      Sim, os grilos...
      Os grilos são os poetas mortos.

      Entrego-lhes grilos aos milhões um lápis verde um retrato
      amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados
      as reivindicações as explicações - menos
      o dar de ombros e os risos contidos
      mas
      todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte
      as explosões de cólera
      o ranger de dentes
      as alegrias agudas até o grito
      a dança dos ossos...

      Pois bem,
      às vezes
      de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que
      parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que
      tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse
      gosto de nunca e de sempre.

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    3. Gosto de nunca e de sempre! Não lembro de ter lido isso antes mas parece muito com um casal que eu conheço.

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