terça-feira, 2 de abril de 2013

AUGUSTO DOS ANJOS?



Um psiquiatra meio maluco me receitou uns remédios para depressão e eu fiquei assim, espero nunca mais vê-lo. Uma pessoa comentou que eu encarnara Augusto dos Anjos. Não exageremos tanto, né?



Niilismo

Tema pomposo dissecado por Sartre, o grande.
Mas é o que venho sentindo ultimamente
E a dormência contínua, será sua acompanhante?
Ou apenas uma antecipação de meu já pouco tempo.

Tento reagir, jogo xadrez, leio, faço ginástica
Nenhuma dessas coisas me traz qualquer alento
O comprimido noturno mesmo com pesadelos
Me dá uma trégua, e por isso eu o aguento

No início da noite o nada me bate em todo o corpo
E não tendo analista, então caço escrevendo
Num esforço bem maior que a produção, mas
Qualquer ganho é lucro, ainda que bem pouco.

É a forma de não ir ao sabor do vento amargo.
Vento que me entorta o corpo, esvazia a cabeça
Que me bambeia aonde vou, em cada passo
Que faz u’amarga revolução em meu estômago

Que me retira a vontade, coagula meu sangue
Coisa tão leve mas, sem vida breve, e ainda,
Que tem o poder de me deixar exangue.
À certas brisas é preferível a tempestade.

Março de 2013.




Um comentário:

  1. Poderia ser um Junqueira Freire.
    Em seus livros encontramos poesias de vários gêneros, mas as melhores são do gênero pessoal e íntimo, inspiradas na melancolia da vida claustral, ou nas angústias que o levaram a fugir do convívio social.
    Em alguns de seus poemas singelos, poetizando cenas simples da vida, também encontramos muita delicadeza e sensibilidade.

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