sexta-feira, 6 de junho de 2014

Carona na Morte







O PESSOAL QUE TRABALHA COM PUBLICIDADE DE LIVROS OU FILMES COSTUMA PEGAR ESTA CARONA QUANDO ALGUM AUTOR OU ATOR MORRE. NO CASO É USADA A CARONA PARA DAR MAIS PUBLICIDADE À OBRA OU DESPERTAR A CURIOSIDADE DO PÚBLICO. ESTOU FAZENDO O MESMO POIS JÁ TINHA ESCRITO ESTE TEXTO E NÃO PUBLICADO, MAS GARCIA MARQUEZ MORREU...

Insights Mediúnicos

Há mais ou menos uma semana eu os estou sentindo. Se comento alguma coisa, daqui a pouco outra pessoa que não tomou conhecimento toca no assunto, às vezes até mais de uma pessoa, ou acontece um encadeamento de assuntos relacionados àquele. Começou com o já falecido escritor e poeta Miguel Marvilla, do qual estive recordando que ele me vendeu um livro há muito tempo (uns trinta anos atrás), e eu relembrei um poema que gostei e único que me lembro: Não Houve uma Tarde em Manguinhos. Como a lembrança ficou meio teimosa em minha cabeça resolvi fazer um em homenagem ao autor, e escrevi “Delírios”. Não quis pesquisar e reler para não sofrer muita influência, e somente após terminar é que fui ler o dito cujo, e para minha surpresa era tão parecido que, em alguns aspectos, beirava o plágio. Outra surpresa é que o poema é de Gilson Soares, de quem nunca ouvi falar e, duvidando que fosse mesmo dele, continuei pesquisando e li um depoimento de Marvilla, onde ele fala em plágio e que se alguém for plagiar que o faça com Cem Anos de Solidão, de Garcia Márquez, pois em sua opinião, é o único que merece o pecado. À noite, vendo um filme ruim que nem me recordo o nome, um personagem fala que “depois do Gênesis, Cem Anos de Solidão é o único livro que toda a humanidade deveria ler”.
No outro dia fui à minha regular consulta com a psicóloga e começamos a falar sobre livros, escritas, e misturamos com os grupos de pessoas que ela acompanha, e para um destes ela me convidou para fazer uma oficina. Eu retruquei que não sei e que a única que assisti foi ministrada por quem? Marvilla! Ela me diz que ele frequentou o curso (de psicologia) junto com ela. Aí é demais, não?
No terceiro dia minha bela nega me aparece com o Cem Anos e a promessa de receber emprestados o último romance do Gabo, Memórias de Minhas Putas Tristes, e efetivamente o traz no dia seguinte. O livro é composto de pouco mais de 130 páginas e como eu não o lera, no mesmo dia li mais da metade delas. No preâmbulo é afirmado que a história é de um ancião de 90 anos e exatamente no dia em se torna nonagenário, ele solicita a uma conhecida cafetã que lhe consiga uma Lolita virgem para ele passar a noite. Parêntesis breve: na mais da metade que li do livro cheguei à primeira página em que ele desenvolve este tema. Parêntesis fechado, voltemos aos nossos pensamentos conectados. Pois bem, não voltei a ler o livro mas esta primeira página trata, diz aí de quê? Delírios! É, bebé, eu que não creio (peço a Deus por minha gente) fiquei até com medo. De duas coisas: do fato em si, de não ter fé, e dos finados que, segundo dizem, permitem ou transmitem seus pensamentos aos médiuns.
Consideremos que no meio da narrativa eu ainda comi mosca: no mesmo dia em que chegou o romance da ninfeta eu, comentando sobre escritores russos, e isto também por causa do que lera sobre o poeta tantas vezes já citado, me enganei e disse que não tinha lido Lolita. Bom, antes do fim do dia me apareceu uma para eu ler, de um Nobel colombiano, mas depois lembrei que tinha lido sim, só que tenho o péssimo hábito de não conservar os livros, porque sei que não terei paciência para reler. Estou pagando meu pecado relendo um bem robusto: Cem Anos de Solidão.
Para Gabi, Úrsula e Remédios, as belas.
Setembro de 2013.

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